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Nutrição e o Transtorno do Espectro Autista
Por: Professora Ana Carina Fazzio
Dentro da área materno infantil, a nutrição impacta de forma significativa na qualidade de vida deste público. Em especial as crianças podem ser beneficiadas através de uma alimentação saudável variada e equilibrada, que além de fornecer todo aporte de macro e micronutrientes, forma os hábitos alimentares proporcionando uma relação saudável com a comida.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio no desenvolvimento neurológico, com início na infância, caracterizado por problemas no relacionamento social, prejuízos na comunicação verbal e não verbal e no comportamento. No que diz respeito à alimentação e nutrição os autistas tem forte tendência à seletividade alimentar, ao sobrepeso e obesidade bem como apresentar distúrbios gastrointestinais.
Quando falamos em seletividade alimentar, o comportamento mais comum nestes pacientes é a recusa de frutas e vegetais e a tendência a selecionar alimentos de um único grupo alimentar. Embora os parâmetros de crescimento dessas crianças em regra sejam normais, a restrição da dieta leva ao consumo inadequado de nutrientes. Estudos sugerem que crianças com autismo podem necessitar de maior aporte de ômega 3, ácidos graxos essenciais, nutrientes antioxidantes (vitaminas A, C, E, selênio), suplementação de magnésio, cálcio e zinco e dieta para eliminar alergias.
A resistência às novas experiências alimentares aliadas a seletividade, são causadoras da inadequação nutricional. Estudo realizado com crianças autistas apresentou que há deficiências em aminoácidos essenciais, o que acarreta em baixa ingesta de vitamina D, ferro e cálcio, comprometendo o desenvolvimento ósseo e o sono.
Alterações no trato gastrointestinal dos pacientes portadores de autismo foram apontadas como possíveis causadoras do TEA. As crianças estão mais propensas a apresentarem esses sintomas, pois possuem uma alimentação mais rica em conservantes e pobre em nutrientes, o que pode afetar o funcionamento cerebral. Sintomas como flatulência, inchaço abdominal e fezes alteradas são comuns no paciente autista e ocorrem, principalmente, devido à disbiose que ocorre, pois a quantidade de bactérias patogênicas na microbiota intestinal é anormal. Estratégias nutricionais como dieta livre de glúten e caseína, restrição de alérgenos, uso de probióticos e suplementos alimentares têm sido propostas aos pais de crianças autistas, com melhora no comportamento destas.
Diante de todas as dificuldades apresentadas, o nutricionista tem papel fundamental no tratamento desta patologia, pois através da dietoterapia bem como a educação nutricional, é possível que os pacientes tenham melhora no estado nutricional, comportamento alimentar, sintomas gastrointestinais e demais sintomas inerentes ao autismo. É importante salientar que o processo de educação nutricional se estende aos pais , uma vez que o ambiente adequado e condutas semelhantes entre os familiares, irão garantir o êxito do tratamento.
REFERÊNCIAS
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